Condôminos verdes

De nada adianta projetar ou adaptar empreendimentos às premissas da sustentabilidade se seus usuários não tiverem consciência de seu papel


Ciro Scopel

A questão da sustentabilidade está cada vez mais inserida no dia a dia das empresas do setor imobiliário e dos condomínios. Nem poderia ser diferente. Afinal, a preocupação com o futuro das próximas gerações impõe que sejam adotadas, no presente, ações garantidoras desse futuro.

Em 1983, o Secretário-Geral da ONU convidou a médica Gro Harlem Brundtland, mestre em saúde pública e ex-Primeira Ministra da Noruega, para estabelecer e presidir a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.

Brundtland foi uma escolha natural para este papel, à medida que sua visão da saúde ultrapassa as barreiras do mundo médico para os assuntos ambientais e de desenvolvimento humano. Em abril de 1987, a Comissão Brundtland, como ficou conhecida, publicou um relatório inovador, “Nosso Futuro Comum” – que traz o conceito de desenvolvimento sustentável para o discurso público.

“O desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades.”

 Segundo estimativas, mais de 80% do impacto ambiental não se dá na produção dos empreendimentos, mas sim na sua utilização.

O mercado construtor deve se preocupar em elaborar projetos que contemplem aspectos relativos à questão ambiental. Onde for possível e economicamente viável, porque sustentabilidade é formada pelo tripé meio ambiente, responsabilidade social e economia.

O projeto deve ser bem concebido urbanisticamente, com um bom sistema de drenagem, recuperação de áreas de preservação permanente (APP), arborização de sistema viário e sistemas de lazer. Isso é o mínimo e necessário, inclusive por determinação nos processos de licenciamento dos mesmos.

Por sua vez, os futuros moradores devem adotar práticas sustentáveis, fazendo a coleta seletiva de lixo, mantendo as taxas de impermeabilização, cuidando da arborização implantada e, se possível, replantando algumas espécies dentro dos lotes, adotando medidas para redução do consumo de água e energia elétrica são alguns exemplos de como as pessoas podem contribuir com o meio ambiente.

Mais que condomínios verdes, o que precisamos é de condôminos verdes, devidamente comprometidos com a questão da sustentabilidade. Consciência e atitude. Isto é o que o planeta precisa para se manter vivo.